Protótipo do veículo em testes no Laboratório da UFRJ
créditos: Lasup / Divulgação
A primeira linha de trem de levitação magnética (maglev) no Brasil deve
iniciar suas operações no Rio de Janeiro ainda em 2014, informou o
professor Richard Stephan, coordenador do Laboratório de Aplicações de
Supercondutores (Lasup), da UFRJ.
As obras da nova via foram iniciadas em abril de 2013 a partir de um
projeto desenvolvido pelo Lasup, com financiamento do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), no valor de R$ 5,8 milhões e
R$ 4,7 milhões, respectivamente, além de apoio da Secretaria de Assuntos
Estratégicos (SAE) da Presidência da República.
O professor Richard Stephan explica que o maglev “vai ser um veículo para
transporte urbano de curto tempo de implantação e de custo menor que o
metrô”. Stephan indicou que as obras de um metrô subterrâneo,
principalmente se for construído em lugar arenoso, como é o caso da Linha 4
do metrô do Rio, são demoradas e devem ficar prontas só para as Olimpíadas
de 2016.
O trem de levitação magnética é feito em uma via elevada, sem a necessidade
de escavação de túneis, o que torna a obra mais rápida. Stephan ressaltou
que esta é uma tendência do transporte urbano para ganhar agilidade.
Lembrou que, em São Paulo, está sendo construído o monorail, “que também é
uma via elevada, para ser mais rápido”.
Na vertente de tecnologia de levitação de alta velocidade, os alemães e os
japoneses estão na dianteira. Apesar disso, o coordenador do Lasup informou
que só tem um projeto implantado comercialmente na China, que comprou
tecnologia alemã. Já na vertente para transporte urbano, existem projetos
avançados na China, no Japão, na Coreia, nos Estados Unidos e no Brasil.
“Há uma demanda maior porque tem mais necessidade. O transporte urbano é
mais premente que o interurbano”, disse. Em termos comerciais, porém, só há
uma linha implantada no Japão, mas que usa uma técnica de levitação
diferente da brasileira.
Considerando a tecnologia proposta pela Coppe para o trem de levitação
magnética, que usa supercondutores o Brasil está no topo do ranking
mundial, assegurou Richard Stephan. Em termos de experiência na operação de
um veículo de levitação para transporte urbano, os japoneses estão na
liderança, embora usem outra técnica.
“Eu acho a nossa técnica mais vantajosa sob uma série de aspectos. A
técnica que nós estamos usando é inovadora, tem algumas vantagens que a
outra não tem”. A principal vantagem, para o coordenador do Lasup, é a
estabilidade do sistema. “É uma técnica de levitação que, naturalmente, é
estável”. As técnicas de levitação adotadas pelo Japão, pela Coreia e
China, por exemplo, exigem um esquema sofisticado de controle para manter o
sistema estável. “Esta é uma diferença enorme, em termos de segurança
também da operação. A possibilidade de falha é bem menor”, disse.
Protótipo do veículo
O protótipo que está sendo desenvolvido pela Coppe tem capacidade de
transporte de 30 pessoas. Stephan declarou que, em geral, o novo trem de
levitação terá área útil para transporte de 6 metros quadrados, sendo cinco
passageiros por metro quadrado. O transporte de mais pessoas vai depender
da dimensão do veículo. Destacou, entretanto, que a proporção por metro
quadrado se mantém. “Eu posso incluir mais vagões, aumentar a área e
transportar mais gente”, conclui o professor.
O Maglev-Cobra não consumirá combustível fóssil. “Ele não é movido a
combustão. É todo elétrico”. Mesmo comparado a um trem elétrico, o
professor indicou que o consumo deve ser menor porque no trem de levitação
não existe o problema de atrito da roda com o trilho. “É um veículo que não
tem contato mecânico. Isto diminui o consumo de energia. É um consumo menor
de energia, comparado com um veículo elétrico também”, ressaltou.
Os módulos do trem de levitação magnética estão sendo construídos na Cidade
Universitária, na Ilha do Fundão, pela empresa Holos. A Coppe informou, por
meio da assessoria de imprensa, que as obras de infraestrutura do trem de
levitação magnética chegam a ser 70% mais econômicas do que as obras de um
metrô subterrâneo, cujo custo atinge em torno de R$ 100 milhões por
quilômetro. Os pesquisadores estimam que o trem de levitação poderá ser
implantado por cerca de R$ 33 milhões por quilômetro.
A força dos imãs
Trens de levitação magnética são veículos que transitam numa linha elevada
e são propulsionados pelas forças atrativas e repulsivas do magnetismo por
meio de supercondutores. De fato, eles "levitam" alguns milímetros acima
dos trilhos, eliminando-se o atrito entre rodas e trilhos, permitindo altas
velocidades com relativo baixo consumo de energia e pouco ruído. Há
projetos para linhas de maglev que chegariam a velocidade de até 3.200
km/h, utlizando túneis despressurizados em toda a extensão dos trilho.